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Radar chinês detecta bolhas de plasma sobre pirâmides a 9,6 mil quilômetros

A notícia da detecção de uma enorme bolha de plasma equatorial (EPB na sigla em inglês) sobre a pirâmide de Gizé, no Egito, passaria despercebida na mídia a não ser por um detalhe: a detecção foi feita da Terra, e não do espaço como normalmente ocorre, e por um radar ionosférico chinês, situado a mais de 8 mil quilômetros de distância, na ilha de Hainan, no mar da China Meridional.


Jorge Marin | TecMundo

O estudo sobre o feito, publicado na revista Geophysical Research Letters, destaca que é a primeira vez que um radar de baixa latitude, no caso o Radar Ionosférico de Longo Alcance em Baixa Latitude (chamado em inglês pelo acrônimo LARID), consegue rastrear EPBs globais em tempo real.

O LARID pode detectar bolhas de plasma na atmosfera superior da Terra a até 9,5 mil km

As bolhas de plasma são regiões da ionosfera terrestre que se formam em baixas latitudes devido à separação entre áreas de densidades diferentes. Assim, quando uma camada mais densa de plasma se sobrepõe a uma camada menos densa, o resultado é a formação dessas estruturas ocas que podem crescer centenas de quilômetros, e interferir nos sinais de GPS e comunicações por satélite.

Observando as bolhas de plasma em tempo real

Com a construção do LARID no ano passado, a China se tornou o primeiro país do mundo a detectar bolhas de plasma no radar. Enquanto os radares sofrem para buscar alvos abaixo do horizonte terrestre devido à curvatura do planeta, o LARID dribla essa limitação, emitindo ondas eletromagnéticas de alta potência, que refletem entre a ionosfera e solo, ampliando seu alcance.

No artigo, é descrita a detecção simultânea de EPBs, pós-pôr do sol e nascer do sol, observadas pelo LARID durante uma tempestade geomagnética ocorrida de 4 a 6 de novembro de 2023, com portas de alcance de até 9,5 mil km, segundo o estudo, o que permite observar, ao mesmo tempo, até o Havaí a leste, e a Líbia a oeste.

Quando as partículas energéticas provenientes de uma tempestade solar chegam à Terra, elas interagem com o campo magnético, principalmente a região do equador, onde a densidade do plasma é mais alta, causando essas EPBs, que foram observadas, pela primeira vez, se deslocando em tempo real.

Qual é a importância de observar EPBs sobre as pirâmides de Gizé?

Em sua conclusão do artigo, os autores defendem que "Os resultados fornecem uma visão significativa para a construção de uma rede de radar OTH [over-the-horizon] de baixa latitude no futuro, que consiste em três a quatro radares OTH com capacidade de captar EPBs globais em tempo real".

Da mesma forma que o clima, as EPBs também mudam de estação para estação, porém influenciadas pela atividade solar. Assim, conseguir prevê-las, em localização, tamanho e tempo, pode ser fundamental para a mitigação de possíveis interrupções sofridas pelos satélites.

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